dezembro 30, 2014
De facto, desde o início de Novembro até ao final de Janeiro é impossível passar numa pastelaria portuguesa e não reparar nesse bolo redondo recheado de frutas secas e cristalizadas que sobressai das montras.
A gastronomia portuguesa é um achado mundial. É rica, é variada, é simplesmente deliciosa. E no Natal, parece que os Portugueses melhoram ainda mais! Por todo o país, as mesas estão fartas, coloridas, cheias de iguarias únicas, deliciosas e tradicionais que é impossível não provar. Os portugueses já sabem… dietas só mesmo após a época natalícia.
No meio dos imensos doces e sobremesas que podem ser apreciados no Natal, há uma iguaria típica que sobressai. É considerado o mais tradicional e mais famoso bolo de Natal. É o Rei da mesa. É o Bolo-Rei.
O Bolo-Rei é inconfundível: a sua forma redonda, com um buraco no meio a imitar uma coroa, e as frutas cristalizadas por cima tornam-no irresistível. O Bolo-Rei é um doce natalício que se come tradicionalmente entre o dia 25 de Dezembro (Dia de Natal) e o dia 6 de Janeiro (Dia de Reis). Mas a sua fama é tão grande, que conseguimos encontrar esta iguaria à venda desde o início de Novembro até ao Dia de Reis!
O Bolo-Rei é uma espécie de pão doce com ovos, preenchido por nozes, passas e frutas secas e cristalizadas. É, na sua essência, a versão mais saborosa de um bolo com frutas.
Tradicionalmente, coloca-se dentro do bolo uma fava, normalmente uma grande fava de feijão. Quem comer a fatia que tem o “presente” é considerado o Rei e tem de comprar o bolo no Natal seguinte.
O Bolo-Rei é um dos mais marcantes símbolos do Natal em Portugal há, pelo menos, 2000 anos. Este doce representa os presentes que os Reis Magos deram ao menino Jesus quando nasceu: a côdea simboliza o ouro, as frutas cristalizadas e secas a mirra e o aroma do bolo o incenso.
Já a fava que estava tradicionalmente dentro do bolo está associada a várias lendas.
Segundo consta, quando os três Reis Magos seguiam a estrela cadente para ir honrar o menino Jesus, discutiram sobre quem devia ser o primeiro a entregar o presente. Pelo caminho encontraram um padeiro que para acabar com o conflito, confecionou um bolo e escondeu uma fava no seu interior. Ao Rei Mago que calhasse a fatia do bolo que continha a fava era o primeiro a entregar o presente. Esta história só peca por não desvendar qual foi o Rei Mago vencedor.
No entanto, há uma explicação mais histórica: os romanos utilizavam a técnica da fava escondida nos banquetes onde era eleito o Rei da Festa. Esta prática terá tido origem num jogo de crianças que consistia em escolher o rei do grupo, tirando-o à sorte com as favas. Terá evoluído posteriormente para os adultos, que passaram a usar as favas para votar nas assembleias.
Para além destas histórias, há mais uma a salientar: há anos atrás, a tradição ditava que os cristãos deveriam comer 12 Bolos-Reis, entre o Natal e o Dia de Reis, festa que muito cedo começou a ser celebrada na corte dos Reis de França.
Aliás, este bolo teve origem muito provavelmente neste país, sob o comando de Luís XIV, para as festas de Ano Novo e de Dia de Reis e, mais tarde, adaptado e aprimorado em Portugal.
Com a Revolução Francesa de 1789, este doce foi proibido em França mas como era tão bom e o negócio era tão apetecível, começou a ser comercializado com o nome de Gâteau des San-Cullottes.
Em Portugal, com a instauração da República, também tentaram eliminar este bolo das mesas natalícias mas ele mantém-se um verdadeiro Rei ainda na atualidade.